quinta-feira, 10 de maio de 2012

Obrigado às Mulheres que Amei...

Todos os dias são Dia da Mulher...porque apesar de tudo, muito merecem ser vistas e respeitadas não somente enquanto pessoas e cidadãs, mas enquanto força dinamizadora da Vida, enquanto MULHERES! E é por isso que para mim não existe um Dia da Mulher específico, mas sim todos os 365/366 do ano...assim sendo, deixo-vos com o poema que escrevi este ano para felicitar não todas as Mulheres, mas aqueles em especial, as que um dia Amei e/ou Amo, em todas as dimensões do verbo Amar, fica ao vosso critério... Obrigado a elas por me terem ajudado a ser quem sou!
Boa noite...



Obrigado às mulheres que amei.
Obrigado por me terem ensinado
Tudo o que hoje sei,
Obrigado por despertarem este Amor de que estou recheado.

Mais um dia vosso passou,
Um dia em especial,
Tal como todos os outros em que ninguém reparou,
Nos quais ninguém vos coloca no pedestal

Que é vosso por direito.
Obrigado por serem como são,
Por terem pouco ou nenhum defeito,
Por darem voz ao meu coração.

Amei-vos por opção injustificável,
Lamento não me terem escolhido de volta.
Espero nunca ter deixado de ser amável.
Desculpem se tenho a acção amarrada e a língua solta.

Contudo desejo-vos as maiores felicidades
E espero que encontrem alguém digno
Da vossa perfeição. E o primeiro que vos fizer maldades
Há de sofrer de pior modo até deixar de ser maligno.

Meus amores, obrigado pela oportunidade de ser
Um dos que teve o privilégio de vos ter amado um dia.
E agora despeço-me, num sorriso grato de alegria,
E deixo os votos de Felizes Dias da Mulher!

00:35 de 09/03/12 Ricardo Alves



As minhas desculpas

Boa noite, caros leitores...peço imensa desculpa por esta minha prolongada e injustificada ausência, mas tive de me refugiar em mim mesmo durante os tempos para reflectir e para escrever dentro da medida do possível. Aproveitei também para resolver alguns problemas pessoais, e devo dizer que tudo vai correndo não tão depressa como planeado, mas vai indo vagarosamente, o que já não é mau tendo em conta que caminho na direcção certa! :)
Em termos de escrita, há cerca de dois meses, talvez três, que não produzo texto nenhum. Contudo, tenho uma pilha de poemas novos para passar ao formato digital (sim, porque eu sou tão antiquado que a minha maneira de trabalhar passa pela produção do texto primeiramente em formato de papel, as minhas desculpas :D), de modo que tratarei de o fazer o quanto antes (enquanto o computador assim o permitir que eu tenho a sensação que o dito cujo está a pedir reforma antecipada...estas modernices só dão dores de cabeça, está mais do que visto!) para poder voltar a publicar e dar-vos a conhecer o que tanto me apraz fazer: escrever!

Despeço, reforçando o meu pedido de desculpas,
Com os melhores cumprimentos,
Ricardo Alves

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Amor é Crime

Estava eu tão descansado,
De mãos dadas com o pecado,
O pecado de existir.

Quando vi passar na rua
Uma imagem à luz da Lua
Que fez meu coração sorrir.

Era mesmo a tua imagem,
Jurava que era miragem,
Não fosses mesmo tu.

Aproximei-me para te cumprimentar
Mas o que eu queria era encostar
O teu corpo no meu, beijar
Os teus lábios e sussurrar
“Meu Amor, como te Amo!”

Não passámos do leve beijo
Na face, mas não passou o desejo
De te querer, de te Amar.

Descobri que o Amor é Crime
E é tão grande o ciúme
Que tenho do batom que usas.

Meu Amor, como é grande o meu ciúme
Mas é Crime, Amor, é Crime,
O Amor que tanto recusas.

11/01/2011 Ricardo Alves


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Redundância

Se sou redundante?
Sou, sim Senhor!

Redundante no Amor,
No desejo, na queda, na dor,
Na esperança, no dissabor
De cada dia sem cor,
Redundante neste meu pudor
De quem vive errante por
Só conhecer da vida o ardor.
Não tenho troféus para pôr
No armário para poder expôr
Quaisquer vitórias. Não há esplendor
Nesta vida de puro temor
Abalada pelo violento tremor
Da derrota. Ah! Pudera eu ser um açor,
Voar alto, atravessar o fedor
Da liberdade conspirada no rumor
De quem Ama seja lá o que for.
Sou, da minha errância, o conspirador.
Mas desejo achar algo consolador,
Agradável, amável, inspirador,
Sugar os males da vida com o aspirador
Da felicidade. Pôr um fim no meu terror…

Se sou redundante?
Sou, sim Senhor!

06/01/2011 Ricardo Alves


domingo, 22 de janeiro de 2012

Indesejada

Olho os teus olhos
E vejo incerteza,
Amor esbanjado
E tanta tristeza.
Vejo o Rossio todo encharcado
Das águas do teu amor mal amado.

Leio teus lábios
E vejo o amor
Que ele não quer
E te trará a dor;
Vejo a Alameda toda incerta
Com os pedaços da tua alma descoberta.

Sinto teus cabelos
Todos marcados
De todo o mal
E de todos os estragos;
Vejo na alma tudo menos paz
Cheia de mágoa sempre voraz.

Veja tua fortuna
Tão má agora.
Talvez seja tarde,
Talvez seja a hora!
De o deixares antes que fiques
Cheia de prantes, cheia de picos.


12/11/09 Ricardo Alves



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Inspiração

Em noite cerrada e obscura
Na qual toda a gente dorme,
Minha alma ainda procura
Tua imagem, teu nome.

Se ao menos o encontrasse
Para puder dizer-te
Quando a dor findasse
Que simplesmente te amo.

E te amo porquê?
Desde quando é preciso
Ter motivo? Para amar
Alma mais bela,
Basta ter siso.

Mas eu prometo:
Quando te encontrar,
Mesmo que seja a última
Acção da minha sina
Vou agarrar-te com força
Puxar teu corpo contra o meu
E no meu último fôlego,
Eu vou beijar-te, dizendo adeus.



Ricardo Alves, 23.35 de 05/10/09

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Um saudoso mas feliz Parabéns

Parabéns, querida amiga
- E amiga nunca deixarás de ser
Por muito que a vida nos dê -
Espero que tenhas um óptimo dia
Na companhia de quem gostas e prezas.

Aproveita bem o tempo, rapariga,
E nunca deixes de viver
Para que sejas sempre o que se vê,
Esse mar de alegria,
Onde esses olhos são belas represas

De luz e de esperança.
É mais um ano,
Tornas-te cada vez menos criança,
E o mundo torna-se ainda mais humano.

Há muito tempo atrás tive a tua idade
E tal como tu, era jovem.
Agora as horas fogem
E é mais triste e menos colorida a realidade.

Mas o tempo ensinar-te-à, como
Fez comigo, sempre mais,
Desde os erros fatais
Até à saudade que hoje tomo

Nas taças de espumante imaginário
Que bebo por não te poder abraçar.
Aprende que o tempo é precário
E nunca deixes de gostar

De quem gosta de ti
- Ainda que à sua maneira, por vezes conturbada -
Porque às vezes é tudo o que tens.
Para terminar, acabar com a maçada,
E porque pelo menos um dia de conheci,
Os meus votos sinceros de Felicidades e Parabéns!


19:46 de 10/01/12 Ricardo Alves

Aos que nunca esqueci...

Hoje trago-vos um poema lindíssimo de Rui Veloso, dedicado a todos aqueles que entraram um dia na minha caminhada e dos quais nunca me esqueci... Mais logo postarei um poema de minha autoria... Um bem haja a todos!

"Bato a porta devagar,
Olho só mais uma vez
Como é tão bonita esta avenida...
É o cais. Flor do cais:
Águas mansas e a nudez
Frágil como as asas de uma vida

É o riso, é a lágrima
A expressão incontrolada
Não podia ser de outra maneira
É a sorte, é a sina
Uma mão cheia de nada
E o mundo à cabeceira

Mas nunca
Me esqueci de ti
Não nunca me esqueci de ti
Eu nunca me esqueci de ti
Não nunca me esqueci de ti

Tudo muda, tudo parte
Tudo tem o seu avesso.
Frágil a memória da paixão...
É a lua. Fim da tarde
É a brisa onde adormeço
Quente como a tua mão

Mas nunca
Me esqueci de ti
Não, nunca me esqueci de ti
Não, nunca me esqueci de ti
Eu nunca me esqueci de ti

Nunca me esqueci de ti
Não não não não não nunca me esqueci de ti

Não não não não não não não não
Nunca me esqueci de ti

Não não
Nunca me esqueci de ti.."


domingo, 1 de janeiro de 2012

O primeiro poema de 2012

Acabou mais um ano e
Está na hora de fazer as contas,
Fazer o balanço do que vivi,
As coisas belas e as coisas tontas.

Encosto-me à almofada
À procura de uma resposta.
Encontro a minha alma exposta,
Pronta a ser dissecada.

Trabalho ganho, trabalho perdido,
Coração dado, coração partido,
Ano lectivo começado e desistido,
Amor avistado, Amor fugido.

Casa mudada,
Obra dedicada,
Dias de nada,
Noites em claro.

Ano passado,
Ano acabado,
Novo começado,
Viver mais caro.

Mas nada disso se muda agora.
O que apenas se pode fazer
É agir sem demora,
Tentar sobreviver,
Começar outra vez
E reflectir. O mal já se fez!


20:13 de 01/01/12 Ricardo Alves

Tristeza dos outros

A tristeza que é dos outros
Atinge-me e aflige-me.
E os momentos de alegria
Que são deveras poucos...aumentam...a dor.

A felicidade que é dos outros
Muitas vezes não me alegra.
E os momentos que atormentam
São mais do que apenas loucos...são de pudor.

Mas, no fundo, não me interessam
A tristeza e a felicidade dos outros
Apenas me importa a tua...
Mas essa, escondes na Lua.

E que hei de eu fazer?
Chorar, rir, tremer?
Só sei que me dói o coração
Por te ter....tão perto e não te ter.

A tristeza que é dos outros
Aproxima-me de mim.
Afasta-me de ti e
Deseja o meu fim.

A felicidade que é dos outros
Desola-me, deixando-me em
Estados de pura melancolia,
Funestas Primaveras também.

Oxalá fosses tu
O meu Verão de São Martinho,
Cheio de Sol e castanhas,
Água quente e ar fresquinho.

E tu és, de facto, esse meu Verão
Apenas há aquela condição...
Não estás a meu lado, não.

Talvez seja tudo
Uma questão que ficar mudo
E esperar que floresçam
Os frutos que eu espero que cresçam.


15/11/09 Ricardo Alves


sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Tentei

Tentei chamar o teu nome
Para dizer que te amo.
Tentei perder-te...tentei ter-te.
Tento não morrer à fome
E sede de ti.

Tentei fugir em vão.
Tentei olhar para ti com renúncia.
Meu amor, tu e eu somos a denúncia
De que quem tanto foge assim
Tropeça nas pedras do chão
E aí não! Nunca mais foge.

Tentei, contudo, correr para os teus braços.
A cada passada que dava
No mar platónico afundava.
Tentei dizer-me que não te amava.
Mentira! Amo-te em todos os meus passos.

Tentei, à medida que te vou amando,
Tentei mostrar-te que talvez seja capaz
De te dar o valor que tu, Mundo, não lhe dás.
Tentei dizer-te tudo isto.
Afinal, tudo o que tentei ainda vou tentando.



07/12/09 Ricardo Alves

Prece minha. Obrigado Amália

Inspirado no poema "Prece", de Pedro Homem de Mello, cantado de forma soberba pela minha querida Amália, escrevi este poema há já algum tempo. Espero que gostem! Aproveito e deixo-vos com uma interpretação da Diva do Fado...

Talvez que eu morra por tanto
Bem eu te querer.
Talvez eu seja um dia santo
Mas isso só quando morrer.

Talvez eu morra na dor
Que é eu não te ter.
Vivo esta vida no pavor
Com medo de te perder.

Se bem que já te perdi
Tão cedo e sem errar.
Todo o dia fico sem ti
Morrendo por não te amar.

Talvez eu morra contente
Em minha solidão
Se por momentos do presente
Puder beijar a tua mão.

Talvez eu morra perdido
No meio de tanta gente
Com mares de mágoa pela frente
Sem ver à vida o sentido.

Talvez que eu morra vazio
Por culpa desta sina
Que fez de mim um homem frio
Que nem queimado se afina.

Se com a Morte criasse laços
E voasse que nem perdiz
Só pousaria nos teus braços
Para poder morrer feliz.

Ricardo Alves

É triste, mas é verdade

É triste, mas é verdade
A minha triste realidade,
A realidade do coitado
Que se faz de coitado
Tornando-se coitadinho.

A vida sem propósito
É a minha vida, um depósito
De tristezas e amarguras,
Amores sem amantes, lonjuras,
Um bicho cruel deveras mesquinho.

Não!
Porque pensas com sentidos, coração?
Que mal te faz uma alma que ama
Para que lhe roubes a calma, a chama?
Tudo o que dizes mas nada do fazes tem sentido.

Não há respostas para as minhas perguntas.
Não há, porque todas elas juntas
Te deixam sem língua afiada!
Resta admitir a lápide por ti colocada
Em minha mente: “Aqui jaz uma mente louca num coração rendido!”


00:07 16/12/10 Ricardo Alves

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

As Horas

É o tempo…
São as horas…
O contratempo…
As demoras…
O sofrimento…
O que passou…
O desalento…
Tudo aquilo que sou…
Não é nada que presta…
O que me resta…
As pessoas que o tempo levou…
Sinto-me cansado…
Viver é uma maldição…
“Porque teimas em correr”…
Meu detestável coração?
Pára de uma vez…
Já não te quero…
Chega de ser português…
Com epopeias de Homero…
São as horas, Amor…
É o tempo que me fere…
Há um desgosto, um dissabor…
É a Morte que me quer…
Vou continuar…
Vou lutar…
Mas é a Morte que me quer…


06/01/2011 Ricardo Alves

domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal dos Pobres

Não há bacalhau nem couve
Não há perú nem frango assado,
E muita sorte houve
Do pão não ter faltado.

É assim o Natal de quem
Para nada tem dinheiro
Enconsta a cara no travesseiro
E reza para que alguém

Te traga mais um pouco
Do nada que tens!
É assim o Natal rouco
De quem não tem bens

É assim que passa a magia
Desta época festiva
É apenas mais um dia
De uma tragédia repetitiva.

Não há doces nem alegria,
Nem música nem luzes,
Nem há árvore que nos guia
Só a fome que reduzes

Nos pensamentos que trazes
De dias melhores.
E mesmo depois de tudo o que fazes
Os Natais só são piores.

Não há sorrisos nem prendas
Não há nada para festejar.
Há uma fome para matar,
Há uma família que remendas

Com os carinhos que dás…
Mas nada é suficiente,
Continuas carente
De um Natal cheio de paz.

25-12-2011 Ricardo Alves

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Quando me faltas eu morro!

Rasgo os passos de dor
Numa turbulência de cor.
Vejo uma imensidão de borboletas,
Sobre uma flor, com asas violetas,
Esvoaçando desajeitadamente
Por entre a nuvem de gente
Que se forma nos campos.
Foram tantos, amor, foram tantos
Os dias em que por ti esperei
Sem saber que esperava. Agora que te achei,
Já nem eu próprio sei
O que é de Amor, o que é de Lei.
Os passos que dei, os trambolhões que sei
Amarguraram um pobre coração pobre
Que jaz a cada dia sobre
O Amor que em ti encontrei;
E sem que ninguém me conheça
Sou um mendigo da tua existência;
Não, meu amor, não é demência:
Contigo, não há nada que me entristeça.
E quando me faltas, socorro!
Acudam-me os deuses fiéis
Pois não há nada que prove, nem infindáveis anéis,
Que quando me faltas eu morro!



00:45 de 27/11/2010 Ricardo Alves

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Desabafo

Quero-te, meu bem…
Procuro-te todos os dias
E todos os dias te encontro
Só para te perder, não sem
Antes me perder em ti.
Os dias vão passando e,
Para além de te encontrar, vou-te conhecendo.
Esqueço-me sempre que é preciso conhecer para poder Amar!
Mas se já te Amo e mal te conheço, haverá espaço
Em mim para tanto Amor quando te conhecer?
Ou serei como as ondas do mar, que rebentam nas rochas
Só para voltarem a fazer parte da massa de água?
Não sei, meu Amor, não sei…
Mas aqui desabafo que te desejo, ardendo.
Sei que já te tentei dizer uma vez o que sentia
E sei que uma vez me mostraste que nem tudo é recíproco,
Mas eu não quero amar só por amar!
Quero amar e ajudar quem amo, nos bons e maus momentos,
Na saúde e na doença, quase como nos votos dos casamentos.
Vou-te conhecendo e vou-te percebendo.
Mas não tenhas medo: estarei presente quando estiveres pronta.
Sei que a história começa em “Quero-te, Desejo-te, Amo-te, Procuro-te”,
Sei que a história não tem fim.
O meio do “enredo”?
O que se passa nas entrelinhas é um desabafo da alma.


29-30/11/10 Ricardo Alves

domingo, 18 de dezembro de 2011

Como invejo as crianças

Adoro vê-las, sentadas, deitadas,
Em pé, a correr, a saltar,
Encostadas às portas fechadas
Que as protegem do ar

Fétido e pútrido que é a sociedade.
São as crianças, as pequenas criaturas singulares,
Que repartem o que têm, o que recebem, sem maldade,
Tornando-as criaturas tão belas!

Adoro vê-las sorrir, com aquela ternura
Escancarada no seu doce olhar,
Como duas janelas recheadas de doçura,
Algo para além do nosso imaginar.

Adoro vê-las, contentes, divertidas
Nas suas brincadeiras sem mentiras;
Os rapazes fazem com as mãos pistolas entretidas
Em resgatar os colares de safiras

Que irão oferecer às meninas
De quem gostam ingenuamente.
Estas, penteiam os cabelos, lêem sinas,
Brincam aos médicos e inventam gente.

Adoro sabê-las inteligentes, crescidas,
Com sete e oito anos,
Livres de grande parte das feridas,
Inconscientes da vida e dos enganos.

E é essa inconsciência que invejo
Ardentemente. Quem me dera!
E sabe-me tão amargo de culpa o beijo
Que lhes dou, pois desmistifico a minha fera!

Voltem, tempos da minha infância
Deixem-me ser de novo a criança
Que brinca na rua, descontraída.

Voltem, pois já sinto a vossa ausência.
Voltem, livrem-me desta demência
Que é saber demais da vida.

Não cresçam, crianças, não cresçam.
Permaneçam na vossa quotidiana alegria,
Percam apenas o sonho de crescer
Porque depois de grandes, vão-se arrepender.

Ah! Como invejo as crianças felizes.
Gosto delas, adoro a sua energia
Mas dói-me saber que a vida tem alergia
A toda essa perfeição.

Quero a vossa inconsciência, meninos,
Quero essa vossa essência, pequeninos,
Quero poder desfrutar dessa filosofia
Que protege o coração.

04/01/2011 Ricardo Alves

De cada vez que grito

De cada vez que grito “Meu Amor”
A minha cabeça simplesmente e somente atinge paredes.
Antes fossem colchões, almofadas ou redes,
Mas calha sempre uma superfície de maior dor.

Sempre que tento o que no fundo não passa de sorte
Denoto que não fui dotado da capacidade de amar.
Ou então fui demasiado dotado, sei lá, só que cansa tentar
Tanta vez para que no fundo só encontre a Morte

Do espírito, da alma, do pensamento.
Já lá vai, ó meus céus, o Tempo,
Em que tudo na vida era inocente.
Já lá vão os tempos em que era fácil ser gente!

Os melhores tempos de qualquer ser humano
São os ingénuos tempos de ser infante;
Não há nada que nesse tempo não encante,
Mas não há nada nesse tempo que revele o tirano

Mundo, tirano viver que é o nosso!
Saudades dos tempos em que era pequeno!
Saudades dos tempos em que tudo era sereno,
Tudo era ingenuamente alegre, a vida não era o tal poço

Que a pouco e pouco revelamos…
Pergunto e contesto como vamos,
Contesto a veracidade e necessidade do amor,
Essa vulgaridade inerente, capaz de curar ou causar tanta dor.

Ricardo Alves

Cada um tem seu caminho

Cada um tem o seu caminho,
Cada um tem a sua estrada,
Eu tenho a minha, amargurada,
Cheia de falta de carinho.

Sou um barco já de idade
Sem rumo, sem destino, sem velas;
E há uma imensa tempestade
Que me leva as coisas belas.

Trago nos olhos rios de amargura,
A boca pintada de saudade,
A cara repleta de borbulhas de desventura,
O coração pedindo piedade.

Tanta vida pela frente,
Tanto para aprender…
Venham ver, venham ver!
Um espectáculo de gente.

Venham ver, venham ver!
Despachem-se, venham assistir!
Quero dar-vos a conhecer
A minha pressa para morrer,
Esta vontade de partir!


06/01/2011 Ricardo Alves